Todo Dia foi um dos livros que mais me chamou a atenção pela sua história, nunca tinha ouvido falar ou lido nada assim antes. A história é narrada em primeira pessoa por A, um personagem que não tem gênero, mas a editora escolheu se referir à ele como gênero masculino para facilitar. Todo dia A acorda em um corpo diferente. Homens, mulheres, gays, transexuais, gordos, drogados, modelos, depressivos, bêbados; não tem regra a não ser a que toda as pessoas tem a mesma idade de A, 16 anos, e ele nunca irá se hospedar no mesmo corpo duas vezes. Ele sempre foi assim e tenta não interferir muito na vida de seu "hospede" durante o dia em que toma o controle de seu corpo. Nunca se apega, nunca chama atenção, nunca interfere. Até o dia em que se apaixona.

Por não ter um corpo para se definir ou rotular, A consegue enxergar de uma forma mais livre e sem preconceitos o nosso mundo. O autor passa diversas mensagens que realmente nos fazem parar e refletir sobre nossa maneira de viver, mas sem ficar realmente dando "sermão"; tudo flui naturalmente dentro da história. Achei chocante um dia em que A acorda no corpo de um dependente químico e descreve o corpo como uma parte meio que 'independente', tendo que impor sua vontade própria sobre o corpo para que não saísse do quarto para usar drogas.

A história flui muito fácil e os capítulos são os dias da vida de A (Dia 6000, Dia 6001, Dia 6002...), acho que por isso acaba a leitura ficando mais rápida. Eu devorei o livro em apenas uma tarde, mas a história continuou comigo pelo resto da semana. A capa é a mesma da original, que é muito bonita por sinal. As páginas são amareladas, a fonte, margem e diagramação no geral também são ótimas. Só não dou nota máxima para o livro pois quando o autor começa a explicar por que A é daquele jeito, todo dia "possuindo" um corpo diferente, ele simplesmente decide deixar para lá e focar no romance. E aquele final, aaargh!! Oh autor, por que? Por queee?! >insira frustração aqui< Achei até que teria uma continuação, mas pelo que percebi é realmente aquilo e pronto, fim de história. Mas, ainda assim, eu indico muito o livro - foi um dos melhores que já li esse ano. Acho que vou levar essa história comigo por muito, muito tempo, realmente me marcou de uma forma que poucos livros tinham feito antes.

E ai, alguém mais já leu? O que achou?

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