A Hipocrisia da Religião

By 12:15 ,


Quando eu era pequena meus pais me levavam à igreja todos os Domingos pela manhã. Eu não sabia bem o que estava acontecendo, mas gostava de ir para brincar com as outras crianças e tentar, talvez, roubar um pouco da hóstia quando ninguém estivesse olhando. Lá pelos meus 11 anos eu comecei a me questionar o por que de precisar ir para a igreja, achava muito chato e passei a dar desculpas para não ir. "Estou doente", "tenho que estudar", "preciso fazer tal coisa para amanhã". As vezes isso funcionava, as vezes não. Eu era literalmente obrigada a ir, e ir sorrindo ainda por cima! Aos 13 anos me cansei dessa besteira toda de obrigação e bati o pé - chega! Não vou mais para a igreja e vocês não tem como me obrigar! Meus pais ficaram furiosos e chateados a principio, até hoje não entendo o por que, mas com o passar do tempo eles se resignaram e aceitaram o fato de que não iria mais para a igreja contra minha vontade.

Depois de algum tempo minha mãe passou a frequentar uma igreja mais "rígida e conservadora": nada de cortar o cabelo, saia arrastando no chão e muitas e muitas horas de oração em jejum. Quando fiz 16 anos pintei meu cabelo de vermelho pela primeira vez e o cortei bem curtinho. Uma "irmã" da igreja da minha mãe me viu na rua assim que sai do salão e, no dia seguinte, foi lá em casa perguntar COMO MINHA MÃE DEIXOU A FILHA DELA FAZER ISSO. Desse jeito mesmo, como se minha mãe tivesse aprovado que a filha dela se prostituísse. Fiquei tão revoltada com a situação que falei umas boas verdades para essa ~irmã~, tanto que ela nunca mais foi lá em casa e mudava de rua sempre que me via. De qualquer forma, foi a partir desse dia que tomei raiva da igreja. Raiva mesmo: odiava sequer o fato de me convidarem para ir, odiava passar em frente de uma num fim de semana a noite e ter que ouvir aquele som brega na maior altura, odiava o fato das pessoas seguirem cegamente uma coisa que sequer é real. Nunca mais pisei numa igreja.

Hoje em dia a raiva não passou, só mudou um pouco de foco. Não condeno quem vai para a igreja ou precisa de alguma coisa sobrenatural para se apoiar (ou culpar quando tudo der errado). Eu respeito e aceito numa boa, contanto que não tentem me converter. Tenho minha própria visão da vida e tudo mais, então não, obrigada. De qualquer forma, eu tenho raiva é de toda a situação que envolve as religiões principais (Cristianismo e Catolicismo). É dinheiro da oferta sendo desviado para fins desonestos, é gente acreditando que tudo vai ser um milagre divino e não fazendo nada acontecer e, principalmente, gente condenando os outros pelo simples fato de pensarem ou agirem diferente da "matriz". É muito comum você ver pessoas julgando e literalmente condenando (você vai pro inferno!) quem pinta o cabelo, tem tatuagem, usa roupa curta ou tem uma orientação sexual diferente do "padrão". Parece que as pessoas adoram julgar e condenar os outros, acho que se sentem superiores por estarem indo para a igreja todo Domingo, mesmo que durante a semana a pessoa encha a cara de cachaça ou goste de trair a esposa ocasionalmente. Eu não lembro das mensagens e pregações do pastor quando eu era pequena e ainda ia para a igreja, mas se tem uma coisa que aprendi lá e ficou grudado na minha cabeça para sempre foi: ame o seu próximo.

Não precisa literalmente se apaixonar e amar incondicionalmente os outros, apenas respeite. Se você não concorda, não precisa verbalizar seu ódio. Muito menos disseminá-lo pelas redes sociais. Só o que vejo no Facebook é gente que se diz "crente" julgando os outros. Que coisa feia! É como ver uma pessoa que só gosta de pizza de mussarela ficar irritada quando as outras pessoas comem pizza de calabresa ou algo do tipo. Principalmente na questão da sexualidade. Não faz sentido odiar alguém que não está te prejudicando de forma alguma. Você que fica julgando os outros está pecando tanto quanto quem você está julgando, sabia? Isso é, se o que a pessoa está fazendo realmente for ~pecado~. Abra a sua mente, seja mais tolerante, ninguém aqui quer ser julgado de acordo com algo que não acreditam, isso é ridículo.

Provavelmente algumas pessoas que lerem esse texto vão ficar com raiva, mas não adianta vir me xingar, vocês sabem que é realmente assim que acontece. Estou de saco cheio de tanto ódio gratuito pelo mundo. Agora só para finalizar esse enorme desabafo/reclamação, eu vi um texto que retratava perfeitamente o que sinto pelas religiões e essa questão de Deus, no geral. Tire um momento da sua vida para refletir e seja feliz:

“‎Viva uma vida boa. Se existe algum deus e ele é justo, então não se importará com o quão devoto você foi, mas te receberá baseado nas virtudes pelas quais viveu. Se existe algum deus, mas injusto, então você não deveria louvá-lo. Se não existe nenhum deus, quando então você se for, terá vivido uma vida nobre que permanecerá na memória daqueles que amou.”
- Marco Aurélio

xx

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4 Comentários

  1. Ah minha linda! Entendo completamente você. Eu era obrigada a ir na igreja também, até os meus 15 anos, acredita? Fiz catequese, crisma e tal... Fui até coroinha! Mas até uma certa época, era porque eu gostava e me sentia bem indo. Mas depois de um tempo, minha vida começou a tomar outro rumo, eu precisava de tempo para estudar ou até mesmo dormir até mais tarde nos domingos... Foi assim que eu passei a não ir mais na igreja. Enfim, muitas pessoas ainda perguntam por mim para minha vó e meu pai que vão sempre á igreja, mas eles usam a desculpa de que eu estou estudando.
    Respeito todas as religiões, acho lindo que as pessoas tenham fé. Mas, como sou de família católica, sempre lembro das coisas que aconteceram por causa da religião, de todo o fanatismo e o que os homens pregam, sabe?
    Traduzindo, hoje não vou mais á igreja porque não me sinto atraída pelos ensinamentos do homem, as palavras do homem. Prefiro conversar com Deus, sozinha no meu quarto, porque eu sei que ele não vai me castigar e sim me ENTENDER. Espero que você entenda o que eu quis dizer, rs.
    Amei o tema do post, super legal.
    Beijocas!

    Blog Literamagia

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    1. Oi Andreza, obrigada por compartilhar seus pensamentos e história aqui. :)
      Eu nunca vi muito sentido em ir para a igreja, sabe? Eu vivia dizendo "se querem adorar ao Senhor, isso pode ser muito bem feito em casa". Com o passar do tempo fui amadurecendo e entendendo como funcionava esses "esquemas da igreja", mas até hoje conservo o pensamento de que não é preciso ir para igreja, templo, centro, terreno ou qualquer outro lugar para praticar sua religião e entrar em contato com as divindades/espiritos/universo.
      Acho super certo da sua parte não se envolver nesse "grupinho" de igreja, após anos observando minha mãe percebi que só serve mesmo para fofocar e julgar os outros. Cada um na sua é bem melhor, sem julgamentos e sem essa pressão de ter que mostrar e provar sua fé. :)
      Enfim, obrigada e fico feliz que tenha gostado sem se ofender, por que sei que muita gente irá/iria quando se toca num tema delicado assim. :*

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  2. Eu sou uma pessoa cética, e passei pela mesma situação que vc. Quando criança eu TINHA que ir a igreja e não era uma opção, até que um belo dia eu bati o pé, e como meu pai nunca foi religioso deixou claro que eu só iria se eu quisesse,e nunca mais entrei em uma, e tem sido bom assim, acreditar no que eu quero, dentro da minha cabeça ^^

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    1. Acho legal você ensinar a criança a respeitar o próximo, ser tolerantes e essas boas virtudes que a igreja prega, mas nunca forçá-la a ir. Isso só serve para que ela crie raiva/desgosto, sem contar que raramente entende o que está se passando no meio do culto.

      Enfim, acreditar no quiser, do seu jeito e sem ninguém para te julgar por isso é a melhor coisa do mundo. Sou bem mais feliz assim, te garanto. ;D

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